quarta-feira, 17 de março de 2010

A vaga na garagem

Silvano mal entrou no prédio e pediu ao zelador para ver as vagas na garagem.
Dirigia bem até, mas queria ver as vagas porque estava pensando em trocar seu carro por um maior, e sendo assim, precisaria de um bom espaço.
A sorte é que o prédio dispunha de duas vagas por apartamento, o que fez Silvano fechar o negocio sem pestanejar.

Ok, Severino, vi as vagas. Isso. Sei. Não, vi sim. As paredes estão pintadas com os números do meu apartamento. Consegui achar facilmente, obrigada. Ah, sim, estou sabendo sim. As vagas são fixas. Isso é bom, Severino, assim não existe problema com vizinho!

Ou seja, vagas fixas, contrato assinado. Apartamento alugado.

Silvano se mudou em menos de 2 semanas.

Foram 3 meses de paz no apartamento. Elevadores sempre chegavam rápido e estavam quase sempre vazios. Os vizinhos da frente nunca faziam festas com som alto. Na varanda, sol quentinho durante o dia e brisa fresca à noite. Silêncio na rua e porteiros sempre atentos.

Até sexta feira passada.
Silvano chegou à tarde com seu carro, entrou na garagem como sempre fazia. Mas quando chegou à sua vaga, estranhou. O espaço da frente (sim, as vagas era marcadas uma na frente da outra) estava preenchido por um carro velho. Não era dele. Ele tinha um carro só. O que usava no dia a dia.

Pasmou. Ficou bege, como dizem por ai.
Na hora pensou: vai ver que tem algum mecanico ou eletricista consertando algum apê por aí e acabou estacionando por aqui.

Parou o carro na vaga de trás, fazendo com que esse tal carro da frente não pudesse sair sem que ele tirasse o dele.
Subiu, mal entrou no apartamento telefonou para o zelador.

Severino, tudo bem sim, obrigada. Você sabe que carro é aquele na minha vaga? Ah, sim, um Chevette. Na verdade não era bem isso que eu queria saber, Severino. Estou perguntando de quem é e o que está fazendo na minha vaga.
Como assim? Cê tá brincando ... que folgado.

As encrencas do mundo do condomínio estavam para começar. O antigo morador do seu apartamento, havia comprado um outro apartamento em outro andar. Como preferia a antiga vaga, resolveu passar a estacionar lá, ué. Afinal, Silvano tinha um carro só e isso não causaria incomodo.

Foram falar com o tal vizinho, Silvano e Severino - estavam mais para dupla caipira, mas isso não vem ao caso aqui.

Ao ser questionado sobre a decisão de parar o carro lá e ponto final, o vizinho nem deu bola. Para piorar, ainda resolveu dizer na cara de Silvano que quase não usava aquele carro, e que sendo assim, havia estacionado ali somente para guardar a vaga. E finalizou de uma forma bem cliche, mas que ele não imaginaria que faria com que Silvano tivesse uma idéia brilhante - Disse: _ Pois se depender de mim, nunca mais vou tirar esse carro de lá.

Bom, se é assim, pensou Silvano ...

Não sei se me contaram direito o final dessa historia. Só sei que se for como disseram, eu bem que gostei.

Uma semana depois o vizinho desceu para usar o carro. Ao tentar enfiar a chave no buraco e nada, o vizinho estranhou. Abaixou, tentou de novo. E de novo. E mais uma vez. Sem sucesso. Estava tampado.

Jogou água, nada. Lavou com sabão, nada. Alcool gel e liquido esquichados com seringas. NADA. Enlouquecido, o vizinho subiu sem saber o que fazer.

Ninguém nunca conseguiu provar, mas parece que Silvano entupiu o buraco da chave dos dois lados das portas do Chevette com cola tudo, aquela super mega power plus ... até ficarem totalmente vedados.
Dizem que o vizinho nunca mais incomodou e o carro acabou guinchado.
Que pena, afinal, "_ Se depender de mim ...".


Vocês devem estar pensando: essa lesada demora esse tempo todo pra atualizar o blog, e quando volta, esquece que as vinganças, segundo o tema do 15%, devem ser feitas usando parte do dinheiro ganho na Mega Sena.
Mas dessa vez, resolvi economizar a grana do Silvano. Existem certas coisas que não exigem dinheiro. Só criatividade ...

Voltei! Abraço a todos!