terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pede passagem, pede.

Murilo sempre passava muita raiva no transito.
E quase sempre pelo mesmo motivo: gente que vem no maior "pau", na rua ou estrada, dando farol e seta na faixa da esquerda e pedindo passagem igual louco.

Uma vez foi um executivo playboy. Deu farol. De novo. E outra vez.
Que saco, pensou Murilo. Afinal, ele estava dentro do limite e sabia que um pouco mais à frente havia um radar. Mas não queria sair da faixa da esquerda porque as outras estavam muito lerdas. E tinha pressa.
O playbas lá - acho que tinha mais pressa ainda. Farol e seta. Seta e farol.
Murilo saiu da frente, fazer o quê? Mas que raiva.

Uma outra vez foi o Opalão preto. Sabe quando o cara finge que é da polícia e manda ver naquela sirene móvel comprada na Stª Efigenia? Murilo se deparou com um desses. O Opalão vinha há uns 160 km por hora. Certeza. E certeza também ia entrar na sua traseira se ele não tivesse dado passagem.

Mas no dia em que ele sentiu o sangue nos olhos foi com a Kombi cheia de freiras. Essa foi na Sena Madureira. Depois que acabou foi até engraçado. Mas na hora deu raiva pra valer. As freiras vinham feito loucas pela avenida.

Buzinavam e andavam fora da faixa delas. Murilo achou que estavam sendo perseguidas. Mas depois de assistir o jornal das 20h ficou sabendo do caso na integra. As freiras costumavam passar por ali sempre. E todo mundo sempre se esquivando das amalucadas.
Elas tinham costume de beber muito vinho nas missas. Um pouco mais do que Jesus conseguiria multiplicar.

Murilo sempre dizia para a namorada o que faria a respeito se tivesse muito dinheiro.
Parece que o ouço daqui:
_ Olha, Darlene (Darlene era conhecida por servir bem para servir sempre), se eu tivesse grana eu ia arregaçar meu carro nesses caras que tem essa mania de costurar no transito igual loucos e que ficam fechando a gente! Ah eu iria.

Dinheiro para pagar consertos ele teria. E para detonar quantos carros quisesse também. A idéia era só dar o troco para aquele bando de motoristas de Domingo.

Murilo jogava várias vezes por mes na Mega Sena. Em quase todos os jogos.
Um dia ganhou. E não teve dúvida com o que ia fazer com 15% da grana: comprou carros.

Sim, carros. O dinheirão é dele e ele faz o que quiser, are baba.

Comprou 07 carros usados e blindou.
Fora a camada de vidro inquebravel, Murilo brincou de customização: mandou colocar por fora dos carros vários espetos de aço com as pontas voltadas para fora.
Nos pneus mandou grudar canivetes que espetariam até a alma das suas canelas, se você passasse do lado. E atrás, colocou canos de ferro cilindricos. Uns 15.

Isso feito, foi pras ruas. Cada dia com um carro. E ficou só esperando. Na faixa da esquerda.

Passou um mauricinho louco com seu Audi brilhando. Farol e seta. Murilo só freiou. SCATAPLAF. Nunca se viu uma frente de Audi tão cheia de furos redondos. Até onde sei eram só 4 aros. Sorte do mauricio que a Audi ama air bags.

No dia seguinte a mesma coisa. E no outro dia e no outro, e assim Murilo deu o troco a quase todo mundo. Foram seis dias, seis carros blindados estourados e seis trocos bem dados.

Mas faltavam as freirinhas.
Murilo ficou à espreita. Quando viu a bendita Kombi branca cheia de hábitos marrom escuro, não se segurou. A Kombi veio encostando, saindo da faixa, encostando, e mais, e mais ... POW! Encostou.

Nunca se viu um pneu emitir um som tão alto ao explodir.

Murilo tomou o cuidado de fazer a coisa de forma a só dar um susto na freirada. Ninguém se machucou.

Mas dizem as más linguas que até hoje, se você procurar bem no meio fio, corre o risco de achar um ou dois terços.
To chocada.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O golpe da Neoskin

Paula tinha muitos pelos no corpo.
Que coisa ruim. Muito pelo no corpo nunca é agradável, a menos que você esteja falando de abraçar uma girafa de pelucia. No inverno.

Mas Paula tinha um plano. Conhecer os serviços da nova rede de depilação à laser do Brasil: Neoskin. Esse tipo de serviço é caro mas vale a pena. Aceita cartão, tá ótimo.

Foi logo entrando na primeira clinica que encontrou. Era bonita. Sofás e paredes traziam cores alegres de verão. Verão sem pelos.

Atendimento bacana, dermatologista de plantão.
Fez contrato de 12 sessões nas pernas, axila e virilha. E estava feliz da vida.
Primeira aplicação realizada, foi-se embora contente. Contente e melada, tanta pomada passaram nos locais da aplicação. Mas vale. Oh se vale.

Feliz e contente ficou uns 15 dias depois, quando todos os pelos cairam. Ai que alegria! Nem se podia crer. Mas a dermatologista avisou: Paula, querida, isso é ilusão. Esses pelos vão voltar a crescer e só vai se livrar mesmo deles após a 10 aplicação. Ai não voltam mais.

Ok. Mas naquele dia mesmo colocou um micro biquini e foi pra praia. Queria mostrar o que não tinha: pelos.

A cada sessão os pelos caíam e depois voltavam mais finos. Mas ainda tinha bastante.

O fato é que lá pela terceira sessão Paula começou a sentir dificuldade para marcar suas consultas. As atendentes da clinica sempre diziam que as maquinas estavam quebradas, e só no mês que vem talvez a situação voltasse ao normal.

Mas foi assim por 8 meses. Marca, desmarca, marca, desmarca.
Com as clinicas fechando as portas, não foi só Paula que ficou sem atendimento.

Ligava para a empresa, e nada. Ia na porta de uma; fechada. De outra; fechada também.
Viu na internet que a tal Neoskin já havia dado o mesmo golpe no Mexico, e agora pelo jeito, estavam fazendo isso no Brasil.

Em Agosto todas as unidades Brasil já tinham fechado de vez. Os contratos em aberto de atendimento? Não sei não. Por quê? O certo seria ressarcir os consumidores?
Ah, sim, e o coelhinho da Pascoa vai te trazer o quê ano que vem?

Mas Paula ficou lá. Sentada, peluda e p. da vida.
Olha, mais p. do que peluda.
Mas menos sentada.

Levantou, e foi à loterica.
MEGA SENA na cabeça.
GANHOU.

Divulgou para os 4 cantos que havia ganho na Loterica e que em nome dos ex clientes Neoskin ela resolveu pegar 15% da grana e investir na compra das unidades que estavam fechadas.
Ia levantar a empresa e ainda ganhar uma grana.

Tentou por 3 meses ir atrás do responsável pelo tal golpe para fazer uma oferta mas nada. A pessoa já devia estar nas Ilhas Caimann pelo jeito.

Anunciou no jornal, revistas, TV.

Até que um dia, envolta pela proposta indecorosa da grana, eis que surge, BELTRANA DA SILVA, a empresária mais odiada pelas peludas de plantão. A f. da mãe que deu o golpe da Neoskin.

Paula marcou reunião para tratar da negociação da rede de depilação à laser.
Segunda feira, meio dia.

Ás 13h00 a polícia chegou ao local, numa ação previamente combinada com e por Paula.
Beltrana da Silva saiu da sala roxa. E algemada.

Paula? Hoje já não tem mais um pelo no corpo, amiga. Se tratou com uma das dermatologistas mais TOP de Miami. Inclusive mudou-se para lá.

Mas deu o troco na Neoskin.

OBS. Esse texto foi escrito para os que assim como eu, caíram no golpe da Neoskin. Utopia? Não sei ... talvez somente uma idéia que possa um dia ser usada.

http://vitimasdaneoskindobrasil.blogspot.com/2008/12/as-mquinas-quebradas-da-neoskin.html