domingo, 28 de junho de 2009

Expedito, cabra safado.

Expedito era um cabra tão safado que não sei não.

No seu emprego, cobrador de ônibus, ele com certeza conhecia muita mulher.
Sua melhor cantada era encostar o bilhete que destravava a catraca para a mulherada bonita passar sem pagar. Depois disso, dizia com gosto: "_ Depois tu me paga como puder, princesa."

Afffffffff ....

No seu ônibus não valia a máxima do "mulher bonita não paga mas também não leva". Levava sim.

Falando assim não parecia, mas o infeliz era casado.

Passeio com a esposa? Quase nenhum.
De vez em nunca, levava a mulher ao CTN (Centro de Tradições Nordestinas).
Mas não gostava não, porque lá muitas vezes acabava encontrando com alguma princesa do ônibus. Aí ficava chato. Tinha que fingir que não viu.

A esposa, moça humilde, trabalhava em casa de família e criava 5 filhos.

No dia que contou pra Dito que estava grávida do 5 filho (assim chamava o marido desde que se conheceram, no ònibus), nada aconteceu.
Primeiro o cabra nada de chegar em casa. Esperou a tarde toda e parte da noite. E nada.
Quando chegou, foi logo dizendo que a culpa era sempre do transito infernal e da viagem que "tive que fazer a mais, porcausaque Laércio faltou. Tive que substituir e nem vou ganhar a mais porque o mês já fechou. Acredita muié?"

"_Acreditar não sei se acredito não seu cabra safado. - E ontem? De tanto chegar atrasado daqui a pouco o Laércio vai ser demitido. Mas e você hein? - Acredita que tô prenha de novo? Você trate de se ajustar agora, homem!"

"_Calma, mulher! Brigue não princesa. To ajustado.
Demorei ontem porque parei ali pra conversar com o Tião do Trem. O dono "das lotação" aqui do Campo Limpo. O cara tá separado, muié. Tava tomando umas com o parceiro."

"_Dito, vc não me tira do sério não que to prenha. E você lá é parceiro do Tião em quê hein?'

"_Poxa, mulher."


Mas o casamento rolava assim há 13 anos. Os filhos agora já não eram mais tão pequenos. Tinham de 5 a 12 anos.

Mas acho que pra Zete, o pior de tudo mesmo, era a adoração que o danado do marido tinha pela banda Bundinha do Forró.
O Bundinha era formado por 4 pistoleiras (isso na visão da mulher, claro) que ficavam dançando de shortinho em tudo o quanto era programa da tarde. No verão e também no inverno! Era Faustão, era Gugu. Era Netinho de Paula. As desgracentas iam onde o povo estava. Até show no CTN já tinham marcado pra Julho.

E o desgramado do marido não perdia uma foto e nem uma reportagem da banda.

Naquela tarde de terça, sei lá por qual motivo, Zete resolveu jogar na Sena.
E ganhou. Mas por algum motivo achou que não era a hora de contar ao marido.
Esperou.

Marizete ficou Junho todo acertando a vida.

1 - Foi à Caixa receber a bolada.
2 - Convidou Tião do Trem para uma conversinha de negócios.
3 - Cortou cabelo, alisou. Na dúvida botou também um alongamento de responsa. Cacheado.
4 - Passou na concessionária e encomendou um dos carros mais caros. Nacional, mas os olhos da cara.
5 - Foi ao CTN e comprou camarote VIP para o show do Bundinhas do Forró. Comprou o camarote todo, apesar de que usaria apenas dois lugares.
6 - Aquele show ia ser bom. O maridão merecia.

AH, se merecia.

No dia do grande show e já toda arrumada Marizete olhou no relógio: 7 horas, 8 horas, e nada do marido, que já era para estar lá desde às 15h, afinal, fazia o turno das 7h da manhã até 14h.

Mas já sabia que o desgramado ia aparecer em casa por volta da madrugada, dizendo que ficou de papo furado com Tião ou que teve que cobrir Laércio.

Mas ok. Já estava com tudo armado.

Pegou tudo o que era do marido e encheu 12 sacos de lixo dos grandes. Jogou tudo pra fora da casa e trocou a fechadura. Tudo isso fez durante a tarde. Antes da manicure, afinal, não ia estragar as unhas.

Quando era 21h00 ela chegou à porta do CTN.
Estava bonitona mesmo. Parecia até uma estrela. Parecia até uma dançarina do Bundinhas do Forró.

Fora ser o dia do show, era dia de festa junina no CTN.
Avistou o marido de longe enquanto chamava o povo do correio elegante.

"_Toma lá meus filhos - entrega alí pra aquele desgraçado. NÃO, aquele alí. Do lado. Isso. Aquele."

"QUERIDO DITO, SEU CABRA SAFADO. GANHEI NA MEGA SENA. TÔ TE VENDO AQUI NO SHOW. LIGUEI NA SUA FIRMA E O LAÉRCIO FOI TRABALHAR NORMALMENTE. O TRANSITO NA CIDADE ESTÁ ZERADO.
E O TIÃO DO TREM NÃO PODE ESTAR AÍ COM VOCÊ PORQUE ESTÁ COMIGO. AQUI NO CAMAROTE VIP.

PS. Nem adianta voltar pra casa porque já troquei as chaves. As cópias novas dei pro Tião do Trem. Aliás, não foi só isso que dei pra ele não e com parte da grana virei sócia nas lotação.
Inté manezão."

sábado, 20 de junho de 2009

QUE PENA - ELA NÃO ACORDOU AINDA...

triiimmmm triiiimmmmm.
ALÔ ... AI CLEUZA, QUE PENA, ELA AINDA NÃO ACORDOU.
PERAÍ, DEIXA EU VER.
tac - abre a porta do quarto e o tom de voz, logicamente fica mais alto ainda.
AI CLEUZA, ESPERA UM POUQUINHO: _ MARINA, VOCÊ ESTÁ ACORDADA? É A CLEUZA.

Bom, mesmo que não estivesse antes, agora estava.

Quase todos os dias a mãe de Marina praticava esse exercício contra a solidão - acordar a filha. Motivo? Tinha não. De graça.

A moça, que trabalhava por conta própria, quando estava sem emprego fixo, ficava de madrugada na internet até altas horas e dormia tarde. Consequentemente acordava tarde. Ou ao menos gostaria de.

Mas quase todo dia era a mesma ladainha. A mãe ia abrindo a porta, com tudo, e falando bem alto. Às vezes falava ao telefone dentro do quarto, contava a vida, e no fim saía falando bem alto e prometendo - Ah, ela está dormindo ainda - te liga quando acordar.

Pior do que essa cena, era quando, com a menina acordada pela falação, a mãe saía do quarto dizendo: Ah, você ainda está dormindo né? Dorme mais um pouco - está cedo ainda.

Ou seja, acordava a menina só pelo prazer de acordar.
Ou seja nº2 - camisa de força pra velha.

Marina já havia feito de tudo. Dormia com a porta do quarto fechada para evitar o barulho dos pais pela manhã.
Por causa dessa mania, já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha brigado com a mãe.
Explicou, falou, quase desenhou.

Mas nada da senhora entender que isso era mesmo muito ruim.

Resolveu trancar a porta do quarto.
E adiantou? Na primeira vez que trancou a mãe bateu bateu bateu. Até que sonolenta a moça levantou, abriu a porta e a velha aliviou: _Oi filha, você está dormindo? Só estranhei essa porta trancada e achei que tinha acontecido alguma coisa. Ah, volta a dormir então.

MAS QUE DIACHO PODERIA ACONTECER NO MEIO DA NOITE? Algum sequestrador ou tarado solitário, sem mais nada de interessante pra fazer teria entrado sabe-se lá por onde no quarto da moça, e se trancado com ela para dormirem abraçados de conchinha?
AH, FAÇA-ME O FAVOR.

Da segunda vez que Marina tentou a estratégia da porta trancada foi pior.
A mãe muito da esperta resolveu ligar no celular da moça. Um toque nada. A moça acordou mas não acreditou no que estava acontecendo. Quando viu o celular apitando a palavra CASA realmente pensou em chamar o sanatório móvel, uma perua velha que sai por aí recolhendo gente pirada na rua. Mas lembrou que a pessoa pirada em questão não estava na rua.

Atendeu. A mãe com um sorriso que se podia sentir do outro lado: Ah, você tá acordada? Que susto. Por quê a porta está trancada? Vem comer - fiz pão de linguiça.

Após ganhar um prêmio acumulado na Mega Sena, Marina pensou em contratar: um sanfoneiro, um tocador de triângulo, 2 repentistas, 2 músicos com gaita de fole e a bateria da Vai Vai com mais 6 passistas.
Deveriam entrar no quarto da mãe por um mês, às 4 da manhã, todos os dias.

Mas pensou melhor e resolveu investir a grana em um apartamento de cobertura em Moema.
Só pra ela, onde acorda com o cantar dos passarinhos. Mais amor e menos rancor.

VOCÊS ACREDITAM SE EU DISSER QUE ESSA HISTÓRIA É quase VERÍDICA?

Tão verídica que ganhou um video ilustrativo do Evangelo do
http://evangelosacchi.blogspot.com/

OBRIGADA !!!!!

domingo, 14 de junho de 2009

O casamento da boazuda.

Cátia desde sempre gostava de chamar a atenção.
Para isso, já que não era lá muito linda, se escondia por baixo de muito batom, roupa justa, botas altas e perfumes fortes.

A vida inteira Cátia fez questão de concorrer com as amigas pelo posto de "a boazuda da turma".
Disputou homens a tapa, com todas, durante toda a juventude.
E disputava com maior vigor com Ana Carolina.

Mas justo Ana, que era a mais quieta da turma? Ana não ligava muito de não ficar com os caras mais lindos da noite. Se conhecesse alguém legal, ok. Se não, ok também. Sem problemas. Claro que sonhava em namorar, noivar, casar, mas não importava tanto a beleza exterior. E não tinha pressa.

O negócio é que como tinha que ser a primeira em tudo, um dia Cátia pegou o primeiro que passou e resolveu se casar. Bonito, bonito, não era. Nem alto, nem rico. Nem charmoso. Talvez tenha sido simplesmente o único que a aturou por mais de 3 noites.

Ainda assim, fazia questão de jogar na cara de Ana que era uma pena, mas achava que a outra ia mesmo ficar pra titia. Que pena Aninha não ter conhecido alguém ainda, porque ela, Cátia, logo mais teria filhos e o tempo estava passando né?

Chegou um dia a dizer à amiga que não ficasse triste e que muita gente fica sozinha e mesmo assim feliz.

Chamada para ser madrinha, Ana esperou alguns dias para aceitar.

Cátia humilhava Ana com essas histórias de vez em quando. Durante os 10 anos de amizade aconteceu mesmo várias vezes. Mas também tiveram muitos momentos legais.
Por conta desses momentos é que Ana ainda ficava ali, firme e forte ao lado da amiga.

E durante esses 10 anos Ana namorou, terminou, namorou outro, terminou. Mas não conheceu ninguém interessante de verdade. Preferiu, ao contrário da amiga, esperar mais um pouco para se amarrar de vez a alguém. Decidiu que casaria quando a pessoa certa aparecesse e não porque estava na hora.

Quem ouve isso tudo pensa: mas essa Ana nunca vai revidar não?

REVIDOU, quando ganhou na mega sena.

Ligou primeiro para as amigas e contou que iria dar o troco em nome de todas e que era para não faltarem ao casório.

Ligou para Cátia, aceitou o convite e disse que não se preocupasse com o padrinho porque ela estava saindo com alguém e iria levá-lo.

No dia do tão sonhado dia, convidados, noivo e padrinhos a postos, entra Ana.
Estava bonita.
Mas bonito mesmo era o acompanhante.

Ana usou 15% do prêmio para contratar Rodrigo Lombardi (vulgo RAJ - novela das 20h da Globo), como seu acompanhante, por 02 meses, que era pra dar veracidade ao fato.

E a noite de estréia do casal por aí foi justamente no casamento.

Frente ao boca a boca que se formou na porta da igreja, 98% dos convidados se viraram para ver o casal.
Nem a marcha nupcial e nem o decote do vestido da noiva conseguiram tamanho Ibope naquele dia.
A própria quando entrou não conseguiu olhar para outro lugar.
Ao ser perguntada se aceitava o noivo como seu legítimo esposo, ficou inevitável a comparação. E repensou. Mas disse sim. Afinal, era o que tinha para hoje.

Pior foi durante a festa. A fila para cumprimentar os noivos era, sem exagero, 1/20 do tamanho da que se formou para conseguir um autógrafo do galã.
Que valsa que nada! O ponto alto da festa foi a dancinha indiana que o moço fez com Ana e todos tentaram imitar.

No final do baile, ainda atordoada, Cátia puxou Ana de lado e foram ao banheiro.
" _ Como é que você não me conta isso, ANA??? Você está namorando o RAJ??? To chocada. E aí, fala alguma coisa!!!"

E Ana falou baixinho, em tom de desabafo.
"_ Ana, conheço o Rodrigo há alguns meses. Apesar do sucesso, ele está muito triste com seu casamento e procurando alguém desesperadamente.
Estamos saindo mas não achei ele tudo isso não ... pensei algumas vezes em te apresentar, mas como você estava tão feliz, não quis estragar o noivado.

BOM, MAS AGORA É TARDE, NÉ FOFA? Os casais estão formados. Hihihi.

Beijos mil, já vamos. - E gritou - Rô, pede nosso carro?

Naquela noite nenhuma das mulheres presentes conseguiria dormir.
Muito menos Cátia.
Muito menos Ana.
E menos ainda os paparazzi. Por dois meses.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O reality show do mercado publicitário

Lançaram um NOVO reality show.
A tal novidade alega ter somente "celebridades" entre seus participantes.

UAU ... Só CELEBRIDADES presas em uma fazenda. Tirando leite, cuidando da roça, acordando com as galinhas (o que não é bem uma novidade, vamos combinar?).

Na verdade, verdade mesmo, são 14 pessoas, mas só um dos homens é conhecido. Tanto por sua fama de galã da Globo, quanto pelas repetidas aparições nos programas de jornalismo sensacionalista, quase sempre bêbado, socando alguém.

Fora ele, todos estão desculpados por estarem no programa. Afinal, o que mais "Francielly sei lá o que" poderia fazer a essa altura do campeonato, para ter um pouquinho de fama? Para mim ela já conseguiu, quando no dia de estréia do programa afirmou: "_Mesmo estando em uma fazenda, vou me arrumar e produzir toda, afinal, os porquinhos e vaquinhas também merecem ver gente bonita." NO COMMENTS, PLEASE.

Não vou mentir - assisti o programa duas vezes. Um dos participantes, ao vivo, chamou a eliminação de PAREDÃO.
Nada se cria, tudo se copia.
E por isso, paga-se um preço alto.

Falando em preço alto, também quero ter um reality pra chamar de meu.

Para ver o circo pegar fogo, dentro de um assunto que me agrada, montaria hoje um programa desses só com profissionais da área de publicidade. Quem pensou no Aprendiz, ERROU. A idéia desse é qual ego participante aguenta mais tempo junto dos outros.

O valor de 15% da Mega Sena seria necessário para comprar a mídia de divulgação.
Começando a divulgação, o patrocinio seria vendido, e assim dariamos andamento "aos trabalhos".

Como prêmio ao vencedor, 1 milhão de reais. Essa quantia está na moda e também equivale ao lucro final de uma concorrenciazinha média.

Do público (formado basicamente por quem tem contato com o mercado publicitário), primeiro viria o desinteresse (AI, QUE SACO, MAIS UM REALITY?)
Depois, o interesse.

Seria bacana juntar pouca gente, mas de funções distintas: 1 atendimento, 1 dono de agência, 3 estagiários, 1 cliente, 1 diretor de arte, 1 fornecedor e 1 consumidor. Todos fechados por 3 meses dentro de uma agência.

Na porta da "firma", primeiro dia do programa, todos desligando seus celulares com acesso à internet.
Infelizmente, os viciados em Twitter e MSN, assim como blogueiros de plantão estariam "na roça". Logo na entrada todos são revistados para ver se nenhuma plaqunha 3G entrou sem ser convidada.

Na primeira semana só festas com bastante comida e bebida. Só diversão. Menos para os estagiários que além do cafezinho, teriam que aprender a fazer feijoada light, strogonoff de camarão e patê de foie gras. Não é fácil agradar nem a um dono de agência e nem a um cliente.
Ainda bem que alguém me avisou: Olha, Karina, o trabalho é árduo - coloque mais estagiários. No hora do aperto, são eles que dão o duro.

Na segunda semana começariam os problemas.

O atendimento foi pego chorando no "confessionário" agarrado à sua carteira de clientes. Talvez com saudade dos suntuosos almoços, torrando verba da agência com os diretores de marketing, quase sempre sem trazer nem um concursinho cultural em troca.
Alguns disseram que o motivo do choro pode ter sido causado pela briga com o diretor de arte. Não duvido - pode ser sim. Há quem complete: "_Pobre homem chorando como criança. Coitado gente, ele só não entendeu a defesa do logo e terá que apresentar mais à noite ao cliente. Não sejam ruins ..."

O fornecedor, como sempre, não entregou no prazo uma tarefa que lhe foi solicitada. Pena, foi para o paredão.
Seu adversário - o consumidor, que no meio de tanto ego não estava entendendo nada e acabou sendo o mais votado.

Não tenho muita idéia de quem venceria o programa. TALVEZ, quem sabe, o diretor de arte - essa raça quando não é arrogante, é muito gente boa, bem humorada e criativa, E pode ser que o público, apegado, não votasse nele.

Com pouca ou nenhuma popozuda do funk, talvez não fosse o programa mais assistido da TV brasileira, mas pra mim, mais interessante do que ver a "ex mulher samambaia" cozinhando milho, seria.

Ah, se seria.